segunda-feira, outubro 18

Expiações da memória

No silêncio pardo da tarde só o ruflar dos pardais suspende a quietude daquele lugar. O murmúrio da água, aqui e ali desviada pelos atalhadoiros, os sulcos na ravina desenhados pela corrente, construiu ao longo dos tempos o mais encantador dos refúgios, o lugar perfeito para o que resta de mim, onde torno quando posso, mas sobretudo quando preciso.
É ali, no bucólico Chão do Pinheirinho que a minha copiosa memória me traz uma recordação feliz de um passado distante, e me reconforta das agruras da vida: A Quiana.
Se porventura existe em mim alguma capacidade de amar devo-a a ela.
Tenho hoje e tê-la-ei sempre comigo, numa imagem tão viva e fielmente registada cuja revelação só fica enegrecida pelo amargo sentimento de quase nem ter dado conta da sua morte. Culpar os reveses da vida, é uma escusa inaceitável.
Perdoa-me Quiana.

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