sexta-feira, novembro 26

Palavras escritas

Acordo. Sento-me frente a uma janela. Na mesa um papel, uma caneta e o mesmo desejo, a mesma obstinação.
O crepúsculo dissipa-se suavemente e a natureza acorda no ressurgir das suas formas. Contornos que vão surgindo no prelúdio de um novo dia. Na neblina o bocejo difuso das árvores e ao longe, suspensas no horizonte, casas brancas denunciam vida no ondeado da serrania.
Palavras que se escolhem e se juntam para dizer a simplicidade de um olhar.
Foi assim mais uma vez, um ritual que se repete todos os dias. Escrevo e reescrevo, purgando excessos, na procura da perfeição impossível, um exercício solitário levado até ao limiar do insuportável.
Palavras escritas, palavras que resistem à voragem dos meus vazios, que me fazem bem mas não dizem nada, escritas simplesmente.

Sem comentários: